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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

porquê assistir...

   Clube Dos Cinco





Se você é sensível a Spoilers (ou seja não gosta de saber de finais de filmes não leia!!!) e Recomendo  em alto nível não a canção principal que eu ouvi trocentas vezes enquanto escrevia esse texto.
Nerd, Criminoso, Atleta, Princesa. Estranha. Cinco adolescentes, cinco mundos, cinco estereótipos só faltou um preto mas acho que não tinha cotas. Um problema: todos na detenção. Juntos por 8 horas consecutivas em pleno sábado. Como diria o locutor da Sessão da Tarde "aprontando altas confusões". Porém é bem mais do que isso. É o momento em que cada um se confronta com o outro fora do seu mundo, esse outro que ignorava e era ignorado. Não eram seus amigos habituais das rodinhas escolares, todos estavam fora do seu elemento e nenhum deles queria estar ali. É fácil jogar na cara do outro os defeitos dele, especialmente quando ele se encontra dentro de um estereótipo, julgamos com nossas leis (nossas mesmo?) e condenamos quem não cabe dentro delas. O engraçado aqui é que o outro também vai nos julgar segundo as leis dele (dele mesmo?) e também vai nos condenar. A pena? Indiferença, é fingir que quem não está nos nossos padrões simplesmente não existe, ou tanto faz se existir, desde que esteja longe. Mas nesse filme não há espaço para se ignorarem, para fingirem que o outro não existe. À medida que eles  se enfrentam vamos os conhecendo e entendendo as motivações de cada um. E o porquê de estarem em detenção. Para entender quem é diferente da gente é preciso conhecer quem é diferente e vice versa. Olhar além do estereótipo, além do rótulo seja lá qual for da pessoa. Lembrar, inclusive lembrar que é com pessoas que lidamos e não com meros rótulos. É fácil usar o estereótipo para julgar e afastar as pessoas de quem não gostamos ou não entendemos isso se chama preconceito. Todos vão se aprofundando, se desconstruindo e descobrindo o que cada um tem em comum com o outro (enquanto aprontam altas confusões). Sim, eles têm coisas em comum e vão permitindo que todos participem dos seu mundos provando como é possível ter momentos em comum com pessoas incomuns. Num determinado momento participamos do que eu considero o melhor momento do filme. Alguns deles revelam o porquê estão numa detenção, alguns que, inclusive tem tudo para não estarem ali (o nerd e o atleta que o digam) e uma verdadeira catarse acontece quando todos eles confrontam a si mesmos chegando a se questionarem o porquê agem dentro dos seus estereótipos e uma reconstrução acontece agora. Digo participamos porquê é isso que o filme faz. Não tem introdução, nem pré nada. Eles entram na escola e são expostos ao problema. Nisso eu discordo do título. Deveria se chamar "Clube dos Seis. Eu me senti mais um detento, mais um que participou dos seus mundos e sentiu seus dramas à  medida que eles iam dividindo comigo. O final é simplesmente desafiador (alto nível de spoiler aqui!!!). Todos agora se questionam: E quando chegar segunda? vamos nos ignorar? seremos amigos? A genialidade da equipe que fez o filme não nos revela o que acontece na segunda. Mas nos mostra o que eles estão dispostos a fazer: Encarar o que for pra fazer valer essa nova amizade. Agora todos são novas pessoas, alguns perdem completamente os estereótipos, outros não, mas todos de alguma forma estão diferentes e marcados uns pelos outros.
 Muito mais poderia ser dito mas deixo as surpresas e os questionamentos pra vocês. 
até a próxima!!        

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Alice


Eram 5:30 da manhã quando Alice vestiu-se e saiu da casa de Carlos deixando para trás apenas o aroma do seu perfume francês barato que ela sabia o quanto ele adorava e que ela sabia que em pouco tempo iria desvanecer-se como a vida do policial em suas mãos. "Desculpe querido", disse quando passou suavemente seus dedos pelo rosto do cadáver, "nada pessoal, foi preciso". Já passeando pela calçada, Alice sorria com a doçura de uma criança e com a malícia de de uma serpente pós-bote. Certificou-se que ninguém a viu nem quando entrou aos beijos com Carlos nem quando saiu furtivamente sem ele. Na sua mão estava bem seguro um belo anel dourado com um quadrado desenhado cujo interior havia um círculo com um ponto. Carlos não sabia e nem poderia saber. O adorno que depois de tanto tempo voltou para as suas mãos era um dos seus bens mais valiosos. Ainda tinha a leve lembrança de quando foi-lhe dado pela madre cujo nome ela não lembrava mais. Lembrava do seu rosto, do seu sorriso amável e do momento que lhe entregou o anel e disse: "Vá com Deus querida. e seja boa". Desde a sua saída, Alice nunca soube se Deus de fato a acompanhou ou se a largou à própria sorte, mas ela sempre teve por preferencia a segunda opção. Mas o anel sempre estava lá. E ela era boa, sabia que era boa. Foi boa com Carlos quando o impediu de descobrir como a última  pessoa que tirou o anel dela encontrou seu fim, foi boa porquê o permitiu ter uma última noite de prazer antes de entregá-lo para a morte. Foi boa porquê permitiu a ele uma morte limpa, sem sofrimento nem dor. "Sim eu fui boa" disse para si mesma enquanto uma lágrima brotava do seu olho esquerdo. Enquanto apagava aquela lágrima do rosto, Alice teve um momento de lucidez quando percebeu que havia entrado num táxi e o motorista não se sabe por quanto tempo olhava para ela como quem já tivesse perguntado: "para onde senhora?". Sem pensar muito e ignorando tudo a sua volta, Alice entregou uma nota de cem. "Dirija", disse. "Apenas dirija". Recostando no banco de trás, ela apenas queria lembrar quão bem seguiu o conselho da velha madre. Foi boa com o primeiro namorado que ensinou a ela tudo que sabia, e quando ela quis ir embora ele não quis deixar e ela tirou dele as correntes que o aprisionavam nesta vida sofrida, foi boa quando deu o primeiro e ultimo beijo de boa noite na mãe recém encontrada num leito de hospital. Foi boa quando mudou seu nome, sua identidade e sua alma para que o mundo desistisse de procurar a menininha que saiu do orfanato e virou uma bela e bondosa mulher que agora reclina e delira no táxi. Ao olhar para o anel lembrou do seu ato de bondade quando o tiraram dela. "Um simples ladrão de bolsa que pesou ter roubado meu coração", lembrou, ficou dois dias em sua casa partilhando da sua cama, da sua comida e do seu chuveiro, "tudo porquê fui boa" então ele viu algo no anel, algum dinheiro e achou merecedor de tudo e simplesmente sumiu como deve ter feito com tantas outras. Alice teve que ser boa de novo, mas não para ele, ele não merecia bondade, era um rompedor de corações e um ladrãozinho qualquer. Tinha que ser boa para os futuros corações quebrados por ele, e para a sua querida madre que lhe dera o anel com tanto amor. Então ela foi boa "boa até demais, talvez tenha exagerado na bondade." havia esquecido de pegar o anel tamanha foi a generosidade. Mas o que importa agora é que tudo passou. Talvez um ultimo ato de bondade com o motorista do táxi que insistia em olhá-la pelo retrovisor. "Talvez" pensou enquanto se reclinava e deixava a mente ir " por enquanto apenas dirija motorista", falou em sua mente, "apenas dirija".  

Haikai #4


A Lua dourada
O murmúrio das estrelas
Perfeição noturna

-Mateus Soares

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Percebi.


Percebi que estou triste.
Percebi que as pessoas me deixam  muito triste.
Percebi que quem fala de paz promove a guerra.
Percebi que o interesse supera o amor.
Percebi que a hipocrisia é moeda corrente.
Percebi que meus inimigos me conhecem melhor que meus amigos.
Percebi que quando estou fraco é quando preciso ser mais forte.
Percebi que quem deveria querer minha felicidade escolhe os meus relacionamentos.
Percebi que o tempo ta passando e pouco tá mudando.
Percebi que  os lugares que deveriam dar conforto querem  matar.
Mas,
Percebi que sou mais forte do que aparento.
Percebi que quando estou fraco estou mais forte.
Percebi que posso chorar sem vergonha. Por mim e pelos outros
Percebi, que sou tão falho quanto qualquer um, por isso sofro.
Percebi que posso mandar um belo foda-se pra tudo isso e dormir em paz.
Percebi que tenho que agradecer a todas as pessoas,
porque sem elas eu não teria percebido nada disso.

Haikai #3


Gotas que caem
O movimento das folhas
Natureza viva

-Mateus Soares

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Desafio


Engraçado a definição de desafio. Toda vez que ouço ou leio essa palavra me lembra algo que é muito difícil a ponto de ser algo que quase ninguém faz. Algo que quando alguém faz todo mundo fica maravilhado. Bom, o fato é que me pediram pra fazer algo que me fez repensar essa ideia. Algo que eu nunca fiz e nunca pensei em fazer em algum momento da vida. Quando me fizeram o pedido as primeiras coisas que pensei foram: "eu vou me quebrar todinho... nunca fiz isso, por quê eu?". Mas esse raciocínio logo foi substituído por "ah sei lá... é algo novo, porquê não tentar?" .Sem dar muito tempo para as duvidas se aninharem sobre minha cabeça soltei logo um "tá certo" e cá estou eu com uma nova empreitada e um novo conceito de desafio na cabeça: Tudo aquilo que nos faz sair da nossa zona de conforto para desempenhar tarefas que normalmente estão fora do cotidiano. Desafio é aquilo que te faz sacudir o juízo pra resolver aquela nova situação. Exige um modo de pensar diferente. Hoje mesmo passei vários momentos tentando criar uma forma de fazer o que me pediram. Desafios não são fáceis, é como eu disse, sair da zona de conforto é tenso pra caramba. É abandonar seu mundo para encarar algo novo. Tudo novo é um desafio, nova postura, nova linha de pensamento. E acima de tudo arriscar. Não sei se o que eu planejar vai dar certo mas preciso fazer de todo jeito, e preciso acreditar que a forma que eu escolher é a melhor forma de fazê-lo. "Mas como é isso?" você deve estar me perguntando agora. "É só se dedicar", te respondo, acho que o segredo tá aí, além de acreditar no que faz. Gabriel O Pensador canta: "faz, porquê você só vai saber se o final vai ser feliz depois que tudo acontecer"(incrivelmente essa musica tava tocando agora O.o) e acho que isso traduz o comportamento de quem aceita um desafio. Entrar de cabeça apostando suas fichas. Falar é fácil eu sei, mas são palavras de  que tô quebrando o juízo e me preparando psicologicamente para cumprir o que me pediram. Além de estar me borrando de medo. Sim, o medo está lá, não adianta querer esquecer dele porque ele vai sempre me lembrar que está lá pra atrapalhar sua vida e me dar uma bela dose de falta de confiança. Mas não é hora de desistir, o desafio foi aceito e não vou querer sai de homem sem palavra. Bom, vou ficar por aqui porque ainda estou em processo de desenvolver minha forma de cumprir esse desafio. Talvez eu torne público o resultado...