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domingo, 11 de janeiro de 2015

Caos- Parte 2




-Você andou lendo muita história pra crianças, pequeno. -Caos ainda ria muito da pergunta de Fábio- Em outros tempos eu me sentiria ofendido por atribuirem meu trabalho a um ser inexistente. Mas aprendi a compreender os humanos e até me divertir com eles. Afinal, eu também era. 
Fábio ainda estava boquiaberto. Não imaginava que ainda pudesse ser surpreendido, a pequenez ainda tomava conta de si, e ao mesmo tempo, tudo era tão engraçado e tão irônico e  fazia um sentido louco, era mais que compreensível a explicação de Caos. E sabia que viria mais. 
- Certo, então tem outros...quem são? 
- Não dá pra falar de todos, não agora. Alguns se apresentarão no devido tempo, outros você nunca verá e nem mesmo ouvirá falar a respeito, mas vou te apresentar meu gêmeo...
- Ordem? 
- hahahahahaha não pequeno, realmente você realmente olha tudo já buscando respostas, tipico de Guias. Por acaso seu nome é "morte"?
Definitivamente Fábio se sentia uma criança na sala com uma professora dando aulas e fazendo chacotas ao mesmo tempo, mas a curiosidade por respostas era mais forte do que qualquer sensação que pudesse sentir, além do fato de que ele não podia deixar de concordar com Caos...
-Não, não é...
-É só questão de pensar com calma e de forma ampliada pequeno, você é novo nisso e por isso levará tempo. Ainda pensa como humano e isso afeta um pouco...
-De fato- Fábio lembrara que Caos estava numa maturidade a milênios da dele- mas me diga, onde está o seu irmão? 
-Irmão não. Gêmeo. É diferente, alguns de nós temos um gêmeo, que faz o oposto do que fazemos e ao mesmo tempo complementa o nosso trabalho e vice versa. Por exemplo, eu posso ser substituído e o meu gêmeo, assim, será gêmeo do meu substituto entende?  
-Hum... entendi sim, e cada vez que voc... a Sra fala entendo mais... e quem é o seu gêmeo? 
-Destino. E ele está bem atrás de você.
Destino deveria ser um ser imponente considerando que o papel dele era rearrumar as bagunças de Caos. Fábio imaginou um ser misterioso dentro de uma capa como ele costumava ler em seus gibis quando humano, para a sua surpresa ao se virar viu que Destino era apenas...
-Uma criança?
Aparentava ter entre 5 e 6 anos e levava na mão um lápis com borracha na ponta e um bloco de papel com marcas de rabiscos e gasto. Havia algo de autoritário em seus olhos. Apesar de infantil, a voz era carregada de conhecimento milenar: 
-Sim, sou uma criança e não, não sou uma criança, não mais, da mesma forma que você não é mais humano e nem Caos. Somos parte da Harmonia e fazemos nosso trabalho. Simples assim. E antes que você pergunte, eu escrevo o destino das pessoas aqui no bloco e Caos faz o favor de desviar-lhes da rota que tracei o que me obriga a apagar e escrever tudo de novo...
-Perdoe Destino, pequeno -Caos era puro doce até para interromper alguém- como meu oposto, ele é naturalmente diferente de mim inclusive no temperamento. Eu não desvio ninguém, ele sabe disso, apenas ofereço oportunidades que eles escolhem se aceitam ou não. Destino reescreve colocando em ordem a bagunça que as vidas se tornam até que eu...
-Bagunce novamente... Fábio tinha plena noção do que representava os seres à sua frente, via como apesar de Destino reclamar da sua função ele tinha consciência dela e executava com precisão. Caos não era ruim ao bagunçar a vida das pessoas e Destino não era tão bom ao traçar caminhos prontos para elas. ambos precisavam um do outro justamente para que nada se tornasse uma destruição mas também para que nada se tornasse um marasmo completo de regras estabelecias. Caos emanava uma bagunça serena na sua cabeça dificultando o entendimento e criando mais e mais perguntas enquanto Destino emanava uma rudeza objetiva que facilitava o pensamento. Não pôde deixar de observar isso nos dois. Destino e Caos eram definitivamente gêmeos. E só funcionavam juntos 
-Adorei conhecê-los nos encontraremos novamente? 
Destino se antecipou: 
-Nunca se sabe garoto, você viu as besteiras que Caos pode fazer e o meu trabalho em ajustar tudo. Nosso encontro pode ser inevitável ou impossível. Aliás vá logo porque você tem muitos pontos finais hoje.
o Guia sabia agora que, mesmo não os vendo pessoalmente, Destino e Caos trabalhavam com ele. Sabia que, de alguma forma a assinatura de um deles ou dos dois sempre estará em cada alma visitada. Longas despedidas eram desnecessárias, então mais um clarão e o Guia estava de volta ao trabalho.

Dedicado a Dione Neiva, Mateus Soares, Rebeca Oliveira, Julyana Oliveira e Kate Rayanny