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sexta-feira, 27 de setembro de 2013

E com vocês...

ENCOBERTO

Virgindade primitiva,
Excessos de prazer...
Desejo louco d’alma
De sentir você.

No meio das sensações,
Saciou-me de todos os prazeres
Satisfez minhas vontades...

Oh! Fantasia pinte-me
As cenas de gozo
Que outrora tivera.

Dos beijos quentes
Atravessando o pequeno espaço que nos separa,
Das milhares de mãos passando lentamente,

Cobrindo meu corpo,
Palpitando o coração.
Do olhar carnal,
Do sorriso puro,

De um há satisfeito
Respiração ardente,
Hálito suave.

O sorriso resplandecia,
A boca falava por si só.
E a face, era vários gestos em um.

Na beleza de um anjo,
Me entrego.
Na beleza, deste puro e casto amor.

Depois... Apenas suspiros.
Os olhos negros,
Eram carinhosos e cintilantes

Como a noite estrelada.

Kamylla da Santa Cruz Conceição

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Pesadelo

Diante da obscura face noturna
Caminho através de campos sem vida
Nas sombras, vis criaturas espreitam
E me observam com olhos vorazes

A minha volta não há nada
Somente desolação e medo
E mesmo as luzes celestes
Parecem ter me abandonado

O negro manto de trevas
Fecha-se sobre mim
E por fim sou lançado
No eterno pesadelo
De minha própria realidade

-Mateus Soares

sábado, 21 de setembro de 2013

Acordo com o Tempo...

A minha alma cigana,
Inquieta por natureza,
Afasta de mim a certeza 
De ser realmente feliz.

E o meu coração se recolhe
Buscando um refúgio seguro, 
Em dúvida sobre o futuro,
Sentindo-se um mero aprendiz.

Se esconde bem lá no passado,
No meu baú de esperanças,
Usando as minhas lembranças,
Tentando curar seus temores.

Pobre coração, se engana...
Não sabe que a tal incerteza
Ilude e transforma em beleza
Até o pior dos amores.

Um amor que quando lembrado,
Reabre uma antiga ferida,
Herança de uma outra vida
À qual não mais pertencemos.

Acalma-te alma cigana.
Por que o meu passado profanas?
Bem sabes que já não me enganas.
O tempo e eu nos entendemos.

-Patrícia L. de Souza

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ana

 
Eram 4 da manhã e a escuridão ainda tomava conta da casa. Ana estava semiacordada pois, não conseguira dormir na sua primeira noite sozinha em casa. "tome cuidado", dizia sua mãe; "tranque bem as portas", alertou seu pai,"pois nunca se sabe o que pode acontecer", sempre repetiam os dois. As primeiras horas eram pura festa, dançava sozinha, cantava mais alto que o som no ultimo volume, corria nua pela casa inteira, e outras liberdades que adolescentes fazem quando estão no controle de uma casa aparentemente vazia. Com a madrugada chegando, no entanto, Ana sentiu o mesmo medo que a protagonista de seu filme de terror favorito ao perceber que, junto com as regras dos pais, sua segurança também estava fora de casa. Ela teria que cuidar de si e da casa. E lá estava Ana dormindo à prestação, acordando de 15 em 15 minutos devido a barulhos que ela não sabia se eram da sala, da cozinha, ou da sua mente. Depois da milésima interrupção de sono ela resolveu levantar para enfrentar seu destino, seja ele morrer pelas mãos do seu monstro assassino ou guardar algum objeto esquecido em seu lugar real e parar de vez aquele barulho infernal. Tateando pela escuridão lá se vai a heroína mais medrosa do mundo enfrentando sua sina e se amaldiçoando por desligar todas as luzes da casa. " Que idiota desliga tudo pra dormir?" se perguntava a cada vez que se esbarrava em algo. Porém, não conseguia localizar o interruptor de luz, na verdade, nenhum deles. Ana julgava estar próximo ao quarto dos pais que era o mais próximo do seu, porém o maldito barulho ela sabia que não vinha de lá e sim ou talvez da sala no fim do corredor. Ainda tateando se deu conta de que o maldito interruptor estava próximo a essa sala e, assim, precisava caminhar muito no escuro pra chegar até ele. Ela se deu conta de que o corredor havia esticado de tamanho. O que geralmente durava segundos para atravessa-lo -ou bem menos hoje quando corria loucamente pela casa- , agora pareciam longos 30 minutos e nada desse fim de corredor. Enquanto ainda questionava sobre o tamanho do corredor, um barulho vindo da porta arrepiou sua espinha. Não sabia se era uma batida, um arranhão, um grito... Era um barulho e quase a mata do coração. Estava provavelmente no meio do corredor e precisava agora tomar uma decisão: voltar correndo para o quarto, ou continuar sua saga e enfrentar seja lá o que for. Contou até três e correu em direção da sala, mas, uma parede surgiu do nada não dando a chance de dar nem três passos pra frente. Recompondo-se, Ana percebeu que estava já no fim do corredor e que apenas precisava de dois passos para o interruptor, que era agora seu novo desafio: encontra-lo. Com todo o medo do mundo em seu coração, tateou a parede em busca do interruptor e da revelação do ser macabro que a fez sair da cama e dar de cara na parede em plena escuridão. Não percebeu quando bateu com a mão e acendeu a luz, mas não do corredor, nem da sala, era a luz da cozinha que ficava de frente pra sala. Ana não entendeu como de repente o corredor aumentava e diminuía de tamanho e cômodos da casa estavam modificados na cabeça dela. Deixando essa mini loucura de lado e com a visão embaçada, Ana abriu a porta e entrou com toda a atitude do mundo na cozinha e viu uma pequena forma atrás da mesa e fazendo o tal barulho revelando o seu nêmesis: Era seu gato Hércules que tinha o hábito de sumir e aparecer quando bem entendesse e conhecia todas as passagens da casa. Mais do que Ana inclusive. "mas é você, Hércules", Ana sentava  no chão com uma mistura de alívio e ódio olhando ainda com dificuldade para Hércules que estava pouco se lixando para o seu drama noturno apenas entretido em sua alimentação. Ana, abraçando o gato em um puro gesto de perdão e já enxergando um pouco melhor, percebeu que o gato que era branco, tinha manchas vermelhas pelo corpo e um cheiro que não era característico dele, Ana estranhou e olhou para o chão na intenção de saber o que Hércules estava comendo e fazendo tanto barulho.
Era uma mão humana.  
-Cleyton Vidal