As horas passavam de forma arrastada, o
caminhar dos dias ainda não havia se acostumado à sua falta, o cheiro de sua pele permacera em meus cabelos por
longos dias mesmo depois de lavados, seu toque, seu jeito de segurar-me os
ombros numa tentativa de manter-se sempre perto, mesmo que isto fosse algo
perigoso demais. A fala mansa de quem não tem pressa nenhuma de que o dia
termine, então ele fazia que os dias fossem intermináveis, sua pele sempre
quente em meio ao frio londrino e os beijos roubados às escondidas. Agora o relógio conta os minutos da sua ausência,
os ponteiros fazem-me voltar no tempo e ver seu sorriso confidenciando coisas,
enquanto falava sibilando suas metáforas eu me imaginava mergulhando em sua
face.
O trem não demorava a chegar, a estação
lotada dava ainda mais a sensação de nostalgia que a cena exigia, havíamos
voltado para o nosso lugar, de onde fugimos durante muito tempo, agora que seu
abraço me cabia perfeitamente, me bastava, tivemos que partir. Conforme a
chegada do trem se aproximava e as malas pesavam mais do que o normal, pois
agora carregavam alguma coisa a mais ali, algo que não me pertencia, percebi
que ter olhado as fronteiras do mundo de outra forma fizeram a angústia parecer
mais amena. Mas o peso da saudade ficou, saudade das palavras não ditas, das
memórias um tanto confusas, daquilo que não houve. Subi no trem, carregando as
malas e na cabeça algumas interrogações, esperando o “até logo” que não existiu.
-Ilana Benne
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