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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

E com vocês...



As horas passavam de forma arrastada, o caminhar dos dias ainda não havia se acostumado à sua falta, o cheiro de sua pele permacera em meus cabelos por longos dias mesmo depois de lavados, seu toque, seu jeito de segurar-me os ombros numa tentativa de manter-se sempre perto, mesmo que isto fosse algo perigoso demais. A fala mansa de quem não tem pressa nenhuma de que o dia termine, então ele fazia que os dias fossem intermináveis, sua pele sempre quente em meio ao frio londrino e os beijos roubados às escondidas. Agora o relógio conta os minutos da sua ausência, os ponteiros fazem-me voltar no tempo e ver seu sorriso confidenciando coisas, enquanto falava sibilando suas metáforas eu me imaginava mergulhando em sua face.


O trem não demorava a chegar, a estação lotada dava ainda mais a sensação de nostalgia que a cena exigia, havíamos voltado para o nosso lugar, de onde fugimos durante muito tempo, agora que seu abraço me cabia perfeitamente, me bastava, tivemos que partir. Conforme a chegada do trem se aproximava e as malas pesavam mais do que o normal, pois agora carregavam alguma coisa a mais ali, algo que não me pertencia, percebi que ter olhado as fronteiras do mundo de outra forma fizeram a angústia parecer mais amena. Mas o peso da saudade ficou, saudade das palavras não ditas, das memórias um tanto confusas, daquilo que não houve. Subi no trem, carregando as malas e na cabeça algumas interrogações, esperando o “até logo” que não existiu.

-Ilana Benne

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