Páginas

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Diário de Bordo capítulo extra: A Loja


Era uma loja qualquer no meio de um monte de lojas de qualquer cidade turística. Mas havia algo de diferente nela. o time dogão Eu, Mateus e Oto sim esse é o nome dele e eu não faço ideia se escreve assim mesmo resolvemos entrar e dar uma olhada naquela loja que ninguém entrava. Como quem explora uma caverna ou algo do tipo, íamos em passos lentos e cuidadosos enquanto os olhos iam se acostumando com o ambiente. Logo identificamos o lugar: era uma loja especializada em cultura oriental. Nos deparamos com dragões, sapos, aves e outros bichos esculpidos em madeira que dava vontade de pegar e sair correndo de lindos que eram que não pareciam bichos, havia algo a mais. Eu me perguntava se era só impressão minha ou se meus amigos estavam com a mesma sensação. Bastava olhar as expressões deles pra perceber que estávamos na mesma vibe. Logo percebemos que uma das vendedoras nos acompanhava com um suave e muito baixo "boa noite" e oferecendo a característica dos vendedores. Mas até nela percebi que havia algo incomum à maioria dos vendedores, mas continuei andando e não estávamos mais andando numa loja, era um outro mundo. Não lembrava de onde vinha nem porque entramos ali. O lugar turístico com um monte de gente andando pra lá e pra cá ficou perdido em algum lugar no universo. O fato agora é que a cada figura vista (onde tinham os nomes e o que representavam) era objeto de reflexão e viagem mental. A loja ia esticando e esticando fazendo com que o fim se distanciasse à medida que andávamos. Mas a pressa não existia, muito pelo contrário, eu queria era que esticasse mesmo, queria continuar ali andando e olhando, e lendo... Pra minha tristeza ou não, chegamos ao fim e belos quadros e cascatas esperavam para ser registrados pelos nossos sempre atentos olhos. Entre tantas coisas maravilhosas eu vi um belo e majestoso bonsai se não sabe o que é procura no google que ia até o teto. Boquiaberto devo ter ficado uns 5 minutos segundos olhando até que percebi que a vendedora estava lá me observando então só pra disfarçar a vergonha perguntei quanto tempo aproximadamente tinha o bonsai. Ela gentilmente riu e disse que não sabia quanto tempo mas que com certeza eram mais de 15 anos. Pelo que sei, bonsais precisam ser muito bem cuidados e 15 anos é realmente muito tempo. Não me contive e tive que parabenizá-la pelo cuidado não só com o bonsai, mas com a loja inteira que não era uma simples loja, era algo mais, muito mais distante e muito mais significativo. Concordei com Oto quando ele disse que queria ser rico pra levar boa parte da loja e a vendedora mexeu com minhas ideias com uma unica frase: "Quem disse que precisa ser rico pra levar alguma coisa?" de cara eu não entendi e respondi que hoje em dia tem que ser mesmo e ela só repetiu: "quem disse que precisa ser rico para levar alguma coisa?" foi aí que a minha ficha caiu e percebi que sem um tostão no bolso o que estava levando pra casa ia além do material, eram os valores e as experiencias vividas. O que vimos, ouvimos e sentimos supera qualquer foto e qualquer camisa comprada com o nome do lugar. E se pensarmos que vivemos em um mundo onde queremos pegar em tudo, levar tudo, comprar tudo, descartar e recolocar tudo, sair de uma loja em pleno lugar turístico com os valores renovados era algo indescritível. Meu desejo é que essa loja nunca feche as portas, que aquele bonsai continue a crescer e deixe muitas pessoas com cara de besta e que a vendedora repita a pergunta pra muita gente.
"Quem disse que precisa ser rico pra levar alguma coisa?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário