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sábado, 6 de julho de 2013

O duelo.


Cenário típico. Cidade velha, rua semi deserta. É meio-dia. Dois homens, dois chapéus, duas armas. O clima era tenso, afinal, quem errasse ou sacasse atrasado morreria. Olhos nos olhos. A honra estava em jogo no momento. A cidade assistia como quem está em um evento festivo. crianças nas janelas, mulheres atrás das cortinas conversando a respeito e homens nas portas apostando. Não se via nenhum familiar dos duelistas. Talvez eles eram forasteiros, talvez seus familiares já não estão neste mundo, talvez eles estão em casa para não ver tão dramática cena. Nada disso importa. Só o duelo importa. Longos trinta segundos se passavam e suas mãos coçavam aguardando o momento certo de pegar sua arma e mandar o adversário para o mundo dos mortos.  "Esse desgraçado vai pagar" pensava um deles. " "Maldito" repetia o outro para si.  Suas armas calibre 38 pareciam implorar para serem disparadas. Porém, tal como um disparo fatal, um questionamento simplesmente apareceu em suas mentes: "porque estou duelando mesmo?". A tensão antes crescente agora diminuía cada vez mais até relaxarem por completo e se indagarem se valia mesmo a pena trocar tiro com o tipo á sua frente. A vontade de matar que antes os dominava passou, e seja lá qual era o motivo deles estarem naquele sol quente desgraçado com um monte de gente os assistindo não importava mais. Apenas um desejo dominava seus corpos e um deles deu voz ao pensamento de ambos:
- Ei, quer tomar um drink?
- Quero sim. Mas, essa rodada eu pago.
- Tudo bem. Desde que eu pague a próxima!
E, sob os olhares desapontados dos moradores daquela cidade os dois antigos adversários se dirigiram ao saloon, para brindar a nova amizade que nascera em tão estranha circunstância.
Quanto aos espectadores, maridos batiam nas esposas por que não havia comida na mesa, apostadores trocavam tiros devido à devolução de quantia diferente do que foi pago, mulheres se acusavam de observar demais a vida alheia e até o delegado matou o subordinado discutindo qual dos dois deveria prender os dois baderneiros que estavam tirando a calma da cidadezinha. Foi o maior banho de sangue que a pacata cidade já ouviu falar.     

4 comentários:

  1. Ah, 'grand finale'. Eu gostei muito do conto, da forma como você narra, da expectativa que cria-se com a cena e de como é bom ler uma coisa e sentir-se la. Era como se eu tivesse no duelo, aguardando o grande momento e... acabou e nada aconteceu, a não ser 'o maior de sangue', vei, que coisa mais intrigante isso, os dueladores desistiram, mas por conta disso a cidade 'enlouqueceu'. Doideira isso. Parabéns Sr. Escritor, ficou nota dez :).

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  2. Bang Bang!!
    Belo conto Caro Cleyton, não vou mentir, quase apostei quem atiraria primeiro e menino.. seria um doloroso tiro no pé.
    Se Taralo me permite o roubo, trocadilho e a redundância, esse sim foi um belo duelo sangrento de morte.

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  3. O final foi incrível. Uma reviravoltear impressionante, mas que mesmo assim era quase que o esperado: Uma vez que de fato houve um banho de sangue ~risos~
    Mas é bastante mirabolante isso tudo: Então eles iam se matar sendo que nem lembravam direito o motivo da briga? Parece até gente que eu conheço.
    Bem, só digo que amei a narração e que eu sou uma pessoa muito inteligente que nem sequer apostou que um dos infelizes iria sacar a arma antes da contagem. Sabe professor,eu nem perdi a aposta que eu certamente - por ser inteligente como sou- Não fiz.
    Em suma, amei a narração! Ariverdeci!

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  4. eu também não faria a aposta kkkkkkk mas assistiria a treta! eles sabiam sim, mas por algum motivo aquilo se tornou irrelevante. enquanto outros que não tinham nada a ver se tornaram os protagonistas do banho de sangue. brigadim!! ;)

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