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segunda-feira, 5 de maio de 2014

Diário de Bordo- Parte 1 de 2





VIAGEM: 1. Caminho que se percorre para chegar a outro lugar afastado; 2. Navegação; 3. Percurso extenso; 4. Relação escritas dos acontecimentos ocorridos num passeio, numa jornada etc; V. de descoberta: navegação que tem por fim achar terras que eram desconhecidas. V. de longo curso: Longa navegação 

Sou um entusiasta quando o assunto é viajar. Me deslocar pra um lugar diferente do que estou acostumado é algo que sempre me faz bem, mesmo que esse deslocamento não seja necessariamente físico. Porém essa última teve um efeito um pouco mais do que esperado e a minha esperança aqui é conseguir traduzir em palavras o que se passa na minha mente e convencer o maior número de pessoas possível a experimentar o mesmo sentimento. 
O lugar é Porto Seguro. Cidade que vive de turismo e berço do Brasil. Fui lá em viagem de campo com a UEFS e realizar um sonho: conhecer uma aldeia indígena. E minha viagem já começou antes de chegar ao destino. Ela começou quando conheci pessoas de outros cursos e numa brincadeira percebemos que cada curso na verdade serve para nada menos do que complementar o outro, são apenas partes de um saber universal. Estereótipos quebrados, e a intimidade e a bagunça já estava estabelecido. 13 horas de viagem e muito o que conversar, filmes para ver e musicas para cantar. Chegamos à noite e a primeira necessidade depois de banho e banheiro e saber onde iriamos dormir  batia à nossa porta, então logo estávamos nós em busca do alimento barato afinal somos estudantes. Era uma viagem dentro da viagem. Depois de muito rodar e tomarmos as tradicionais facadas no quesito preço  nós nos dividimos. alguns foram pra pizzaria, outros para os sanduíches. Eu e o time dogão, Mateus e Oto comemos no lugar que seria nosso point de alimentação nas próximas noites: o carinha do cachorro-quente com purê. Sim, Cachorro quente com purê. Não imaginávamos como poderia ficar tão bom, mas o nosso aprendizado estava apenas começando...
No outro dia nossa primeira visita começou com uma escola indígena que mexeu muito comigo. Sempre digo que as crianças tem um jeito muito sincero de se expressar. Se ela não sente ela não mostra e pronto. Mas ainda assim foi singular o momento que vivemos lá. Passamos de estudantes a forasteiros, éramos os forasteiros, os diferentes, mas não fomos tratados com rudeza ou estranheza, todos nos receberam divinamente bem eu sendo chamado de "patati" e "bob marley", uma menina do grupo já atendia pelo nome de "MC Pocahontas". Alguns insistindo, e muito para entrarmos nas salas e participarmos das aulas, não assistindo com eles mas ministrando algo, seja um assunto ou uma leve dinâmica. Os olhos vivos e firmes para nós com vontade de aprender sendo que na verdade eles estavam dando uma bela lição em nós. Uma sala de crianças me chamou muito a atenção. Eles queriam mostrar um pouco da sua musica e a canção que eles prepararam para o Dia Das Mães. Todas as músicas foram cantadas não só com a voz, mas com o coração. Sempre dizemos para fazer com amor mas sempre pensamos em emprego, serviço, coisas assim. Mas aquelas crianças com poucas canções nos mostraram o que é amor de verdade e o que é a troca de cultura. Uma turminha muito quieta e sempre atenta a tudo que a professora falava, mas volta e meia lá estava eu envergonhado com um daqueles olhos ao mesmo tempo vivos, fortes e ingênuos direcionados pra mim e só conseguia responder com um sorriso. A noção de harmonia é muito forte e pudemos identificar isso quando a professora pediu que todos devolvessem o que pegaram emprestados e quando já estávamos para sair, uma menina ficou agitada para devolver um lápis que ela tinha esquecido em sua bolsa. Todos ficaram muito tristes porquê não voltaríamos lá, pois tínhamos outras visitas a cumprir. Eles queria nos conhecer, queriam aprender conosco queriam estar conosco, uma senhora lição para um grupo acostumado a rejeitar e zombar do diferente. Mas o nosso aprendizado só estava começando... 
À tarde fomos visitar o marco da 1° missa realizada no Brasil após do "descobrimento" e tive minha primeira decepção. Achava eu que, por ser o ponto onde o Brasil começou haveria uma atenção dada ao lugar. Achei que, não ia ter espaço nem pra respirar de tanta gente que estaria lá. Algo tipo Cristo Redentor ou Torre Einfel. Como diria nosso atual poeta das redes sociais: "Sabe de nada inocente!" (Washington, cumpadre). Se muito, tinha umas 5 pessoas lá fazendo fotos. Foi triste ver que o mercado sobrepôs a História de forma que um lugar tão importante foi relegado a um simples lugar. Tenho medo de voltar lá e não encontrar mais nada que não seja negociável. apesar de estar sempre sorrindo e fazendo fotos não consegui ignorar esse fato. Pior foi um pouco mais à frente quando em meio a tanta beleza das esculturas e estátuas, vimos um lugar enorme simplesmente TOMADO por lixo e esgoto a céu aberto. Os comerciantes pedindo para fazer foto e pedindo para que essa cheguem ao prefeito local que se eu não me engano se chama Jorge Pontes. se alguém o conhecer por favor passe o recado. Eu e os Comerciantes de Santa Cruz Cabrália agradecemos. Conhecemos também um vilarejos onde ficamos sabemos um pouco sobre o modo de vida da galera na época da colonização. Solares, um farol e belas igrejas para ver e fazer foto à vontade. vimos um cara fazer bruxaria mágica com a madeira do Pau-Brasil. Não vou contar mas a foto dele taí. algumas coisas precisam ser vistas, não contadas.À noite lá estávamos eu e o time dogão mateus e Risy substituindo Oto que estava doente comendo cachorro quente e batendo perna pela orla de Porto Seguro. Marionetes, um cara fazendo pintura corporal, outro retratando um casal à lápis e vários artistas de rua mostrando sua arte pra ganhar aquele velho trocado e viver mais um dia. Cansados fomos jogar Uno e rir da revolta de Risy com as regras que ela não conhecia. Às 2 da manhã eu já estava dormindo mal sabendo eu que o nosso aprendizado estava apenas começando...


CONTINUA...  

3 comentários:

  1. Me encantei com cada palavra , vivi tudo novamente

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  2. Ameiii!!!! foi sensacional viver tudo isso com vcs... muito boa escrita já espero as cenas dos próximos capítulos ;)
    obs: morri em (Washington, cumpadre)... kkkkkkk

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  3. Lamentável ver que por aqui tudo é revertido em matéria de lucro. O que fica fora disso vira lixo com uma naturalidade espantosa. :/

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